No dia 30 de novembro, celebramos não apenas o Dia Internacional do ESG (Environmental, Social, and Governance), mas também um compromisso global com a sustentabilidade e a responsabilidade social. A sigla tem origens importantes, remontando a 2004, quando Kofi Annan, então Secretário-Geral das Nações Unidas, desafiou os CEOs das 50 maiores empresas do mundo a considerarem um futuro sustentável. Esse desafio resultou no documento “Who Cares Win” do Pacto Global, estabelecendo as bases para muito do que discutimos hoje.
Desde então, o ESG se tornou um padrão pelo qual organizações, agências governamentais, sociedade civil e empresas privadas podem avaliar seu impacto no mundo, incluindo o quão bem operam em um nível sustentável, observando seus indicadores ambientais, sociais, econômicos e de governança corporativa. A celebração do Dia Internacional do ESG não é apenas uma comemoração, mas um lembrete tangível desse compromisso e da responsabilidade compartilhada, também pela iniciativa privada, de construir um amanhã melhor.
Este ano, o Dia Internacional do ESG ganha ainda mais relevância, pois coincide com o início da COP28, a conferência anual das Nações Unidas sobre as mudanças climáticas. Ao longo dos próximos dias, governos se reunirão em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, para discutir estratégias de limitação e redução para as mudanças climáticas. A COP28 tem grandes desafios pela frente: avaliar o progresso desde o “Acordo de Paris”; discutir novos patamares para o financiamento da ação climática; abordar a redefinição das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) planejada para a COP30 em 2025; e sensibilizar a sociedade global para a urgência de ações imediatas diante das mudanças climáticas.
O Brasil, sob a liderança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, desempenhará um papel de destaque na COP28. Enquanto o país enfrenta desafios ambientais, também apresenta conquistas notáveis. O governo brasileiro apresentará as medidas que levaram a uma redução significativa de 48% no desmatamento da Amazônia, além do exemplo inspirador da diversificação de sua matriz energética que resultou em uma queda de 8% nas emissões de gases do efeito estufa no último ano. O Brasil está no centro das atenções, não apenas para mostrar o que foi feito, mas para assumir compromissos audaciosos para o futuro.
A liderança do Brasil na COP28, no entanto, não se resume a retrospectivas. Envolve também a definição de compromissos futuros. Como uma nação incrivelmente diversa e biodiversa, o Brasil tem a responsabilidade de preservar suas riquezas naturais para as gerações vindouras. A meta de atingir o “Desmatamento Zero” até 2030, conforme acordado em 2015 no âmbito do Acordo de Paris, é uma oportunidade de reafirmar o compromisso com a sustentabilidade, explorar soluções inovadoras e estabelecer metas mais ambiciosas.
A COP28 não é apenas um evento para governos; é uma plataforma de oportunidades para o setor empresarial de todo o mundo. As empresas têm a oportunidade não apenas de adotar práticas sustentáveis, mas também de compensar suas emissões apoiando projetos de redução de carbono em diversas partes do mundo. A indústria precisa destacar de maneira inequívoca à sociedade e aos governos que pode e está comprometida em desempenhar um papel positivo no combate às mudanças climáticas. A COP28 oferece uma grande oportunidade para demonstrar um compromisso real com a redução das emissões e a promoção da sustentabilidade e de seus valores no ambiente corporativo.
Iniciativas como o Dia Internacional do ESG e a COP28 não são apenas momentos de celebração, mas oportunidades valiosas para refletir sobre o progresso alcançado e os desafios que ainda enfrentamos. Em uma era em que a sustentabilidade não é apenas uma escolha, mas uma necessidade urgente, esses eventos coletivos nos lembram da responsabilidade compartilhada de criar um futuro mais sustentável para todos nós. Juntos, podemos fazer a diferença e forjar um caminho para um amanhã mais promissor.
Gabriel Buzzi é sócio da área de Consultoria na Baker Tilly no Rio de Janeiro, especialista em Economia de Gestão da Sustentabilidade pelo Instituto de Economia da UFRJ e professor no Curso de Especialização em Diplomacia Corporativa nas Faculdades Integradas Hélio Alonso.